10/11/2015 18h34 - Atualizado em 05/10/2016 12h47

Notaer e Corpo de Bombeiros atuam em áreas afetadas e Iema coleta amostras

As equipes do Núcleo de Operações de Transporte Aéreo (Notaer) estão, desde o último sábado (07), auxiliando nas ações de mapeamento dos possíveis locais de risco e também no monitoramento da chegada dos rejeitos da lama da barragem da Samarco aos municípios capixabas de Baixo Guandu, Colatina e Linhares.

Neste período, trinta e seis capixabas foram orientados a sair das margens do rio Doce, evitando, assim, a possibilidade de vítimas em solo capixaba.

Os militares estão de prontidão em um posto de comando montado próximo ao Estádio Justiniano de Mello e Silva, no município de Colatina, apoiando as ações da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh); Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente e Recursos Hídricos(Seama); Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb); Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag); e Defesa Civil Municipal e Estadual. Dentre as ações, estão os sobrevoos, que já foram efetuados por toda a extensão do Rio Doce, de Baixo Guandu até Regência, para monitorar e dar apoio à população.

“Durante as ações, abordamos pessoas que se encontravam nas regiões ribeirinhas para informar dessa possível situação de perigo e alertar para que elas se afastem e se previnam em relação a essa lama que está vindo pelo Rio Doce”, explicou o Capitão Cristian Moreira.

O major Daniel Quintela declara que as equipes do Notaer estão em alerta. Se houver necessidade de resgate quando a lama chegar ao Estado estaremos preparados com os nossos equipamentos de segurança, cesto e rapel”.

Trabalhos nesta terça-feira (10)

Em conjunto com a Defesa Civil, a equipe já realizou três sobrevoos nesta terça-feira (10) e a previsão é a realização de mais um sobrevoo, para monitoramento de como está a chegada desta lama prevista, em boletim divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil às 13 horas, para para entre o dia 13 e o dia 14 desta semana.

As informações são repassadas para o posto do comando da Defesa Civil em Colatina e para Vitória. Os trabalhos da equipe começam cedo em Colatina, com um briefing da Defesa Civil com as demandas mais urgentes e se desenvolve no decorrer do dia, visando minimizar os possíveis estragos desta lama.

“O Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer), composto por pessoas da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, ou seja, a máquina de segurança do Estado está disponível e disponibilizada para atuar nessas ocasiões de catástrofes.

O Notaer está sempre à disposição para amparar a população capixaba, sendo um braço do Governo nestas localidades que precisam do apoio governamental”, finalizou o Capitão Cristian Moreira.
Uma equipe K9 de operações com cães do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo chegou, na última segunda-feira (09), ao município de Mariana, Minas Gerais, e já começou o trabalho de buscas por desaparecidos na cidade mineira.

A equipe é especializada neste tipo de operação e está atuando no reforço ao efetivo do Corpo de Bombeiros de Mariana, que conta no momento com dois cães. Segundo o tenente Felipe Mello, que comanda a equipe na cidade mineira, o trabalho é muito arriscado, pois a lama limita o deslocamento e está impedindo a detecção do odor das vítimas pelos cães. Os animais indicaram alguns pontos, mas ainda é muito difícil remover a lama para vasculhar o local indicado, finalizou o tenente.

Em Vitória, o Corpo de Bombeiros contabilizou a doação de mais de seis mil e duzentos litros de água mineral, que serão enviados para Baixo Guandu e Colatina até o final desta semana, de acordo com o coordenador da campanha, major Anderson Pimenta. Quarenta e sete carros-pipa estão à disposição dos municípios, 39 em Colatina e oito em Baixo Guandu.

Coletas

Na segunda-feira (09) e nesta terça-feira (10), foram realizadas pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) coletas de amostras chamadas "brancas", ou seja, em locais que não foram afetadas pela onda de lama de rejeitos. A atividade está sendo realizada pelo próprio Instituto, que possui contrato com um laboratório de análises. O objetivo é produzir contra-análises.

Já as coletas realizadas pela empresa Samarco, que foi intimada pelo Iema a realizar monitoramento tanto da água do Rio Doce quanto do mar, também já começaram e estão sendo acompanhadas pela equipe de Fiscalização do Iema.

O Instituto está também estão em diálogo com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) para uma parceria que irá viabilizar a realização de estudos e monitoramento da água do mar por meio do Governo do Estado. Ainda com relação aos impactos na foz, o Iema emitiu autorização ambiental para a Prefeitura de Linhares fazer a abertura da "boca da barra", na foz do manancial. A ação teve início na segunda-feira (09), e vai servir para dar vazão a lama, considerando também que o mar tem mais capacidade de diluí-la.

O que diz a intimação do Iema enviada à Samarco:

A determinação do Instituto é para que a empresa promova todo o apoio necessário aos municípios e aos cidadãos capixabas que forem atingidos pela onda de lama, com a realização de ações que minimizem os impactos ambientais decorrentes da impossibilidade do tratamento de água nos locais afetados pelos rejeitos, assim como pelo comprometimento de outros usos que são feitos do Rio Doce como agricultura e a pesca.

Conforme a intimação do Iema, imediatamente, a Samarco deve dar início às seguintes ações:

• distribuição de água potável para consumo humano e dessedentação animal;

• monitoramento da qualidade da água do Rio Doce e também do mar a ser atingido pela lama para verificar a presença de contaminantes e identificá-los;

• disponibilizar aeronave para sobrevoo dos profissionais envolvidos nas ações preventivas e de mitigação da onda de rejeitos;

• disponibilizar uma equipe multidisciplinar para monitorar os impactos na fauna, flora, água e para as pessoas, emitindo laudos técnicos para o Iema com informações que ajudem a minimizar os impactos, inclusive, com avaliações de cenários futuros.

Após a passagem dos rejeitos, a empresa deve providenciar também a limpeza de toda a área afetada pela lama, enquanto for verificada a presença de poluente. O Iema determina que a empresa apresente um Plano de Monitoramento da persistência dos poluentes nos meios atingidos em até 120 dias, assim como um Plano de Reparação Inicial dos danos no prazo de 30 dias.

Governador e ministro sobrevoam Rio Doce

Nesta terça-feira (10), antes de participarem da solenidade de entrega de 1.004 unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida no município de São Mateus, Região Norte do Estado, o governador Paulo Hartung e o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, sobrevoaram o Rio Doce para acompanhar os trabalhos que estão sendo realizados na região.
"Estamos monitorando os acontecimentos no Rio Doce com toda nossa estrutura em alerta para auxiliar nas ações que forem necessárias. No Espírito Santo, em diálogo constante com o Governo do Estado e profissionais que estão trabalhando neste episódio", disse o ministro.

Secretário alerta pescadores sobre riscos da lama

Os cuidados no uso e consumo das águas do Rio Doce após a passagem da lama de rejeito que atinge o rio foram discutidos em uma reunião realizada, na manhã desta terça-feira (10), entre o secretário de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano, João Coser, e o prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros, com pescadores de Baixo Guandu e Aimorés (MG).

Os pescadores relataram suas preocupações quanto à qualidade da água, o período que ficarão sem poder pescar e quem vai arcar com seus prejuízos.

O prefeito Neto Barros destacou que o primeiro impacto da onda de lama em Baixo Guandu será a paralisação da captação da água. "Não se sabe a qualidade da água que está chegando. Por onde a onda de lama está passando está causando muitos danos, principalmente ambientais ,e isso afeta os que vivem da pesca do rio". Barros colocou a Prefeitura à disposição dos pescadores e pediu a união deles para tentar minimizar ao máximo os prejuízos.

O secretário João Coser afirmou que o Governo do Espírito Santo está trabalhando para minimizar ao máximo os impactos para a vida da população. Mas ressaltou que os pescadores devem estar atentos aos riscos relacionados ao consumo da água ou seu manuseio antes dos resultados das análises laboratoriais. "Sabemos que vocês dependem do rio para sobreviver, mas pedimos que tenham muito cuidado."

O secretário reforçou que o Governo do Estado não está medindo esforços para dar a assistência que a população precisa neste momento. "Estamos aqui com as esquipes da Defesa Civil Estadual, com técnicos do Iema, além de secretários e o próprio governador Paulo Hartung, que já sobrevoou a região e esteve ontem em Colatina, monitorando a chegada da onda, e atuando para que ela passe deixando o menor impacto possível.
João Coser representou o Governo do Estado na audiência promovida pela comissão de representação da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo (Ales), criada para avaliar os efeitos causados pelo rompimento da barragem de rejeitos em Minas Gerais. A reunião aconteceu na Câmara de vereadores de Colatina, na tarde desta terça-feira (10). Participaram da audiência deputados estaduais, prefeitos, vereadores e membros da sociedade.

O presidente da Ales, Theodorico Ferraço, afirmou que uma de suas preocupações iniciais é com o abastecimento de água para a população. "Queremos demonstrar à população que estamos junto de vocês. Estamos atentos e de prontidão".
Segundo o deputado Da Vitória, presidente da comissão, é preciso discutir os impactos da lama nos municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares. "Esse é um tema prioritário neste momento".

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