19/11/2015 16h49 - Atualizado em 05/10/2016 12h48

Iema exige ações da Samarco na foz do Doce

A lama vinda das barragens da Samarco, em Minas Gerais, já chegou às cidades de Baixo Guandu e Colatina. Contudo, os rejeitos de mineração seguem ao longo do leito do Rio Doce em direção à sua foz, localizada em Regência, Linhares. Nesta quinta-feira (19), o secretário de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento do Estado, João Coser, e o secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rodrigo Júdice, realizaram uma vistoria de barco.

O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) está elaborando um Termo de Referência (TR) para o monitoramento da região do litoral capixaba, que será apresentado para a Marinha.

Para sua construção, foram pesquisadas informações sobre o lançamento de sedimentos no Rio Doce e sobre as correntes marinhas, além de feitas análises de satélite. Diante disso, foi identificado que a malha mostral irá abranger de São Mateus até a foz do Rio Piraque-Açú, em Aracruz, local onde existem duas Unidades de Conservação de gestão federal, o Revis Santa Cruz e a APA Costa das Algas.

“Nós estamos realizando este termo de referência com base em informações técnicas a respeito do deslocamento dos sedimentos trazidos pelo Rio Doce e na influência das correntes marinhas. Agimos de forma precavida e a malha mostral será a mais abrangente possível”, explicou o secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rodrigo Júdice, também coordenador do Comitê Gestor da Crise Ambiental no Rio Doce.

Chegaram ontem em Linhares as barreiras da Samarco, que funcionam como estruturas flutuantes e possuem uma cortina de dois metros de altura. Elas serão instaladas nas margens do recurso hídrico na proximidade da foz.

As ações de preservação tanto do Rio Doce quanto do mar estão sendo realizadas atendendo as exigências do Iema e da ação cautelar movida pelo Governo do Estado contra a empresa. Também está sendo estudada uma forma de instalar as barreiras também ao longo da praia.

Vistoria

O secretário de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento do Estado, João Coser, o secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rodrigo Júdice, juntamente com o Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Polícia Militar Ambiental, fizeram uma vistoria no leito do Rio Doce, com o objetivo de avaliar se a lama está afetando a fauna do Rio Doce. Até o momento, não foram encontrados animais mortos.

Além disso, foi solicitado auxílio da Marinha pelo governador Paulo Hartung, por meio de carta enviada à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. O envio de profissionais do Ibama e do ICMBio também foi pedido, e especialistas dos Institutos estão no Espírito Santo.

A ideia é que eles contribuam com informações técnicas com relação à fauna e a flora, além de contribuírem com expertise nas ações do projeto Arca de Noé, para retirada dos peixes endêmicos, ou seja, os que são típicos das regiões de Baixo Guandu, Linhares e Colatina.

O Arca de Noé foi articulado entre representantes do Governo do Estado, ONGs e especialistas na área, e o objetivo é o resgate de espécies do Rio Doce antes da chegada da onda de lama. As diretrizes para a retirada são do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Renováveis (Ibama), contando com auxílio do Iema no que for possível.

Boca da Barra

Ainda com relação aos impactos na foz, o Iema emitiu autorização ambiental para a Prefeitura de Linhares fazer a abertura da "boca da barra", na foz do manancial. A ação teve início no dia 9, e vai servir para dar vazão à lama, considerando também que o mar tem mais capacidade de diluí-la.

Monitoramento da água

Quando a lama alcançou o município de Baixo Guandu, o Iema deu início às coletas de amostras da água com a presença dos rejeitos. Já foram feitas duas coletas.

A atividade está sendo realizada desde o dia 10, com o recolhimento de amostras chamadas "brancas", ou seja, quando a água ainda não tinha sido misturada à lama de rejeitos, em cinco pontos de Baixo Guandu, Colatina e Linhares. Ao todo, há 10 amostras colhidas.

As coletas estão sendo realizadas pelo próprio Instituto, que possui contrato com um laboratório de análises e que também está acompanhando as coletas feitas pela Samarco.

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