14/06/2020 09h16

Monumento Natural Serra das Torres completa 10 anos de criação

O Monumento Natural Serra das Torres (Monast) completa, neste domingo (14), 10 anos de criação e preservação. Com seus 10.458,90 hectares, é a maior Unidade de Conservação (UC) da categoria “Proteção Integral” criada pelo Governo do Estado do Espírito Santo. Sua área foi reconhecida como prioritária para a conservação da biodiversidade no Estado (Decreto nº2530-R/2010) e está localizada nos maciços rochosos dos municípios de Atílio Vivácqua, Muqui e Mimoso do Sul, um dos mais relevantes complexos florestais do sul do Espírito Santo.

O Monast tem por objetivo geral de criação, a preservação de locais naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. O nome “Serra das Torres” é derivado do relevo montanhoso, que pode atingir até 1.260 metros de altitude, com formação rochosa representada por pontões, pães de açúcar, escarpas íngremes e vales profundos que, avistados ao longe, lembram uma série de torres perfiladas. Dentre essas torres, se destaca a “Pedra do Farol”, ponto turístico da região.

Do alto dos remanescentes florestais e fundos de vale do Monast nascem as águas que fazem parte de duas importantes bacias hidrográficas, a do Rio Itapemirim e a do Rio Itabapoana. "O Monumento Natural Serra das Torres possui uma imensa importância para a conservação por inúmeros fatores. Entre eles, destaco o remanescente de Mata Atlântica, que tem preenchido muitas lacunas de ocorrência de espécies de anfíbios e de répteis e também como reservatório genético de  muitas espécies raras da herpetofauna”, destaca a Profa. Dra. Jane C. F. de Oliveira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Espécies raras

“Na Serra das Torres existem pelo menos 10 espécies, entre anfíbios e répteis, que despertam alguma preocupação por estarem ameaçados de extinção ou por serem endêmicas da Mata Atlântica, do Estado do Espírito Santo ou mesmo endêmica da Serra das Torres. Todas aquelas montanhas que formam vales por onde correm riachos de água translúcida e limpa guardam espécies que indicam qualidade do ambiente e guardam surpresas importantes do ponto de vista científico”, complementa a professora.

Ela informa ainda que o conjunto de florestas do Monast, no estado de conservação em que se encontram atualmente, possui características que poucos remanescentes de floresta na Mata Atlântica ainda guardam. “As observações em campo me permitem dizer que o equilíbrio e as interações que encontrei lá, ao longo de mais de uma década, são incomparáveis", revela.

Até agora as pesquisas já identificaram a presença de 20 espécies de peixes, 120 espécies de aves, incluindo quatro ameaçadas de extinção, e 17 espécies de mamíferos, como o sagui-da-cara-branca, a jaguatirica, o gato-maracajá, a lontra, a preguiça-de-coleira e outros. Os répteis e anfíbios são os mais pesquisados na unidade de conservação e, até agora, já foram encontradas 35 espécies de répteis, algumas delas raras e de pouca ocorrência no Estado. Já para os anfíbios foram registradas 52 espécies, sendo três existentes apenas no Espírito Santo e uma exclusiva do Monast.

Criação da UC

Como a desapropriação de terras não é obrigatória para Monumentos Naturais, o Monast é composto integralmente por áreas particulares. A população residente no local é predominantemente rural, sendo a agropecuária a principal atividade econômica.

“Por diversos motivos, era comum a geração de muitos conflitos na criação de Unidades de Conservação no Brasil, pois ao mesmo tempo em que gera muitas oportunidades, cria também restrições. Com o Monumento Natural Serra das Torres, todo o processo de criação se deu de forma planejada e participativa, envolvendo diversos atores das comunidades locais, poder público municipal e estadual e também da academia”, informa o gestor do Monast, Guilherme Carneiro.

No ano 2000, a Serra das Torres já havia sido apontada como área prioritária para conservação devido à alta importância biológica, identificada no workshop “Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos” realizado em agosto de 1999, em Atibaia, no Estado de São Paulo, pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Biodiversidade Brasileira (Probio) do Ministério do Meio Ambiente, por meio de um consórcio de entidades como a Conservação Internacional, SOS Mata Atlântica, IPE, SMA-SP, e IEF/SEMADS-MG. O evento reuniu cerca de 200 especialistas e indicou 182 áreas prioritárias para a conservação do bioma Mata Atlântica.

Diagnóstico

Em 2006, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema-ES), criou uma equipe técnica de trabalho para realizar um diagnóstico socioambiental da região. Assim, foi produzida uma proposta de criação de Unidade de Conservação. “Essa equipe, com a parceria fundamental do Instituto de Pesquisas da Mata Atlântica (IPEMA), realizou várias oficinas e reuniões nos três municípios envolvidos pelo Monast, culminando na criação da UC em 14 de junho de 2010. A última UC administrada pelo poder público, criada pelo Estado do Espírito Santo”, retrata Guilherme Carneiro.

Segundo ele, a proposta foi tão bem aceita na época, que gerou um documento assinado por representantes do Poder Público dos três municípios, intitulado “Carta da Serra das Torres”. “Inúmeras pessoas tiveram participação nesse processo e seria injusto citar algumas aqui, sabendo que certamente muitas outras não estariam nessa lista. Para todas elas, fica a gratificante recompensa de saber que todo o esforço valeu a pena, e que hoje o Monast completa 10 anos, certamente com conquistas, mas também com muitos desafios pela frente”, pondera o gestor.

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